Estúdio por trás de Returnal reafirma compromisso com jogos premium

A Housemarque, estúdio responsável por títulos aclamados como Returnal e Nex Machina, declarou publicamente que não pretende adotar o modelo free-to-play ou jogos com serviço contínuo (live-service) no futuro próximo.

Em uma indústria cada vez mais dominada por jogos como serviço, a posição da Housemarque chama atenção. Enquanto grandes estúdios correm para implementar mecânicas de monetização contínua, a desenvolvedora finlandesa parece satisfeita com seu nicho de jogos premium.

O que está por trás dessa decisão?

A escolha reflete não apenas uma filosofia criativa, mas também uma aposta no mercado de jogos completos. "Enquanto as pessoas continuarem comprando jogos premium", parece ser o lema da empresa. Essa abordagem contrasta com a tendência atual, onde até mesmo franquias tradicionais estão adotando elementos de live-service.

Vale lembrar que Returnal, lançado em 2021 para PS5, foi um sucesso tanto de crítica quanto comercial, provando que há espaço para experiências premium bem executadas. O jogo combinava elementos de roguelike com narrativa complexa e combate intenso - uma fórmula que dificilmente se encaixaria num modelo free-to-play.

Para quem acompanha a trajetória da Housemarque, a decisão não chega a surpreender. Desde seus primeiros jogos arcade até Returnal, a desenvolvedora sempre priorizou experiências completas e bem polidas. Mas será que essa estratégia se sustenta a longo prazo num mercado em constante transformação?

O impacto da aquisição pela Sony

A posição da Housemarque ganha ainda mais relevância quando consideramos sua aquisição pela Sony Interactive Entertainment em 2021. Muitos temiam que o estúdio pudesse ser pressionado a adotar modelos mais comerciais após se tornar parte de uma grande publisher. No entanto, a realidade mostrou o oposto - a Sony parece respeitar e valorizar a identidade criativa da desenvolvedora.

Ilari Kuittinen, cofundador da Housemarque, já mencionou em entrevistas que a parceria com a Sony permitiu ao estúdio manter sua visão artística enquanto ganhava acesso a recursos maiores. "Eles entendem que nosso valor está justamente na maneira como fazemos jogos", afirmou Kuittinen em conversa com a GamesIndustry.biz.

O debate sobre sustentabilidade financeira

Críticos argumentam que a aposta em jogos premium pode ser arriscada financeiramente, especialmente para estúdios menores. O desenvolvimento de Returnal levou cerca de quatro anos e exigiu uma equipe significativamente maior do que os projetos anteriores da Housemarque. Sem o suporte da Sony, será que o estúdio teria condições de manter esse padrão?

Por outro lado, defensores do modelo premium apontam para os desafios ocultos dos jogos live-service:

  • Altos custos de manutenção contínua

  • Necessidade de equipes dedicadas a atualizações constantes

  • Pressão para implementar sistemas de monetização que podem alienar jogadores

  • Risco de saturação do mercado

Dados da NPD Group mostram que, apesar do crescimento dos jogos free-to-play, o mercado de títulos premium continua robusto, especialmente entre jogadores que valorizam experiências mais curadas e sem interrupções por microtransações.

O que esperar do próximo projeto da Housemarque?

Embora detalhes sobre o próximo jogo do estúdio permaneçam escassos, rumores sugerem que pode ser um novo IP, seguindo a tradição da desenvolvedora de explorar gêneros diferentes a cada lançamento. Alguns analistas especulam que poderia ser um shooter em terceira pessoa, evoluindo a fórmula de Returnal.

O que parece certo é que, seja qual for o projeto, manterá a filosofia de design que tornou a Housemarque reconhecida: jogos com mecânicas precisas, ritmo acelerado e uma atenção obsessiva aos detalhes técnicos. A questão que permanece é como essa abordagem se adaptará às expectativas cada vez maiores dos jogadores em termos de conteúdo pós-lançamento, mesmo em títulos premium.

Com informações do: Eurogamer