Uma viagem nostálgica ao universo do skate
Análise realizada em: PlayStation 5
Plataformas: PlayStation 5, Xbox Series X/S, PlayStation 4, Xbox One, Switch, PC
Editora: Activision
Desenvolvedora: Iron Galaxy Studios
Lançamento: 11 de julho de 2025
Classificação indicativa: Adolescente

Quando a série Tony Hawk’s Pro Skater chegou, ela não só tornou o skate mais acessível através da jogabilidade, mas também trouxe uma cultura alternativa para dentro das casas dos jogadores ao redor do mundo. Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 reúne o remake de um dos títulos mais queridos da franquia com sua sequência, que marcou a primeira grande mudança na fórmula, em um pacote único que recria com maestria o prazer de jogar esses clássicos.
Iniciar THPS 3 + 4 é como voltar no tempo para os dias do PlayStation 2, e a primeira sessão traz uma nostalgia quase palpável. É clichê dizer isso, mas os gráficos estão tão bons quanto minhas memórias coloridas pelo tempo — e, após rever vídeos antigos, percebo que minhas lembranças são mesmo muito generosas. Já os NPCs continuam com um visual meio estranho, que não envelheceu tão bem.

Atualizando a cultura do skate para 2025
Parte do charme da série sempre foi sua facilidade em conectar o jogador à cultura do skate, influenciada por ícones da MTV e Jackass, além de moldar gostos musicais e estilos de moda. Apesar de curtir a jogabilidade, senti falta dessa conexão cultural no remake. Se você não conhece a importância histórica da série, o jogo não ajuda a contextualizar isso.
Iron Galaxy Studios adicionou músicas modernas, marcas atualizadas e novos skatistas, claramente tentando encaixar o jogo no cenário de 2025. Mas essas inclusões soam mais como acordos comerciais e visitas rápidas a lojas como Vans e Zumiez do que um entendimento profundo da ascensão da cultura alternativa que esses jogos representaram no início dos anos 2000.

Essa desconexão fica ainda mais evidente na segunda metade do pacote. O modo carreira de THPS 4 foi simplificado para se encaixar no estilo dos jogos originais, eliminando a proposta de mundo aberto que marcou uma nova direção para a série. Essa mudança torna o jogo mais coeso, mas também apaga a identidade única de THPS 4, que serviu como base para títulos posteriores como Underground e American Wasteland.
Embora eu prefira essa versão mais enxuta de THPS 4, ela perde muito do que a diferenciava. O remake parece mais uma expansão de THPS 3 do que uma reimaginação do quarto jogo. Não é uma forma moderna de jogar THPS 4, mas sim uma forma diferente.

Jogabilidade refinada e novidades que renovam o clássico
Transformar THPS 4 em um pacote de níveis para THPS 3, considerado o melhor da série, é uma decisão que agrada do ponto de vista da jogabilidade. O formato de duas minutos por run é a melhor maneira de explorar e aprender os níveis, e a inclusão de colecionáveis, decks secretos, lojas desbloqueáveis e melhorias para os skatistas criados traz uma nova vida para esses ambientes familiares.
O jogo oferece "mods" que permitem alterar a duração das runs, além de ajustes como manual e equilíbrio de grind perfeitos ou a opção de nunca cair. Ainda assim, Iron Galaxy deixa claro que o formato de duas minutos é o ideal para jogar. Essa limitação cria uma dinâmica divertida, onde você pode focar em objetivos específicos a cada tentativa, como alcançar uma pontuação alta ou coletar as letras S-K-A-T-E.

Quando a repetição começa a cansar, o próximo nível está ali para renovar o interesse, especialmente os três novos mapas criados para THPS 4. Essas fases são verdadeiras obras de criatividade, encaixando-se perfeitamente com os clássicos e oferecendo arenas para combos e segredos para descobrir.
Apesar do nome sugerir uma experiência de skate profissional, THPS é, na verdade, um plataforma rolante com foco em coletar objetivos enquanto você anda de skate. Se você não curte essa fórmula, que é bastante focada em metas e colecionáveis, provavelmente vai se sentir frustrado.

Multiplayer e criação de parques: diversão com algumas limitações
O multiplayer traz a variedade que senti falta no modo carreira, permitindo desafiar outros jogadores em diferentes modos arcade. Apesar das regras variarem, o foco continua em pontuações altas e combos longos nos mesmos níveis do modo carreira. Pretendo passar bastante tempo nessa parte do jogo, embora ela tenha algumas limitações.

Fiquei surpreso com a ausência de votação de níveis entre as partidas — o jogo escolhe aleatoriamente onde você vai jogar. Também não há opções de playlist; existe apenas um modo moshpit que decide aleatoriamente o próximo minigame, sem escolha dos jogadores. Por outro lado, modos novos como H-A-W-K, onde você esconde letras para outros encontrarem, e Free Skate, que permite explorar níveis com até sete jogadores, são adições bem-vindas.

A ferramenta de criação de parques está mais fácil e intuitiva do que nunca, e mal posso esperar para ver o que a comunidade vai criar — provavelmente parques muito melhores do que eu conseguiria fazer.

A série Tony Hawk’s Pro Skater moldou meu gosto musical, meu estilo e me proporcionou horas de diversão no PlayStation 2. Um remake perfeito deveria fazer o mesmo hoje, ou pelo menos me lembrar por que esses jogos foram tão marcantes na minha juventude. Iron Galaxy fez um ótimo trabalho modernizando a jogabilidade e os gráficos para 2025, mas sinto falta de um destaque maior para a influência cultural que esses jogos tiveram em seu auge.

Nota: 8
Desafios técnicos e performance em plataformas modernas
Apesar do esforço evidente em atualizar os gráficos e a jogabilidade para as plataformas atuais, o jogo não está isento de problemas técnicos. Em minha experiência no PlayStation 5, notei algumas quedas de frame rate em momentos de maior ação, especialmente em níveis mais complexos com muitos elementos na tela. Isso pode ser frustrante para quem busca uma experiência fluida e sem interrupções, principalmente em um título que depende tanto da precisão nos controles.

Além disso, a transição entre as cutscenes e o gameplay às vezes apresenta pequenos atrasos, que quebram um pouco a imersão. Não é nada que comprometa a diversão, mas considerando o padrão atual de jogos remasterizados, esperava-se um polimento maior nesse aspecto. A Iron Galaxy Studios, no entanto, tem um histórico de atualizações pós-lançamento, então é possível que esses detalhes sejam corrigidos com patches futuros.

Outro ponto que merece destaque é a interface do usuário, que mantém o estilo clássico, mas com algumas melhorias visuais. A navegação pelos menus é rápida e intuitiva, embora a quantidade de opções possa parecer um pouco confusa para jogadores novatos. A inclusão de tutoriais dinâmicos ajuda a suavizar essa curva de aprendizado, especialmente para quem nunca teve contato com a série.

Personalização e progressão: mais do que estética
Um dos aspectos que mais me agradou foi o sistema de personalização dos skatistas. Além das tradicionais opções de roupas e acessórios, o jogo permite ajustar habilidades específicas, o que influencia diretamente na performance durante as runs. Isso adiciona uma camada estratégica interessante, pois você pode adaptar seu personagem ao seu estilo de jogo, seja focando em velocidade, equilíbrio ou manobras aéreas.

Essa progressão é acompanhada por um sistema de recompensas que incentiva a exploração e a repetição dos níveis. Colecionar itens secretos, completar desafios e desbloquear novos equipamentos cria um ciclo viciante que mantém o jogador engajado por horas. Em minha opinião, essa é uma das melhores formas de manter a longevidade do título, especialmente para quem já conhece bem os mapas e busca novos desafios.

Vale mencionar que a customização visual também reflete a diversidade atual da cultura do skate, com opções que vão desde o clássico estilo street até influências mais modernas e urbanas. Isso ajuda a criar uma identidade única para cada jogador, algo que sempre foi um ponto forte da franquia.

Comunidade e conteúdo gerado pelos jogadores
O potencial da ferramenta de criação de parques vai além do simples entretenimento individual. A comunidade tem a oportunidade de compartilhar suas criações, o que pode transformar o jogo em uma plataforma viva e em constante renovação. Já vi exemplos impressionantes de parques que misturam elementos clássicos com designs inovadores, mostrando a criatividade dos fãs.

Porém, a ausência de um sistema robusto de curadoria e votação dentro do jogo limita um pouco essa experiência. Atualmente, encontrar os melhores parques depende de buscas externas e fóruns, o que pode afastar jogadores menos engajados. Seria interessante ver a Activision investir em recursos que facilitem essa interação, promovendo os conteúdos mais populares e incentivando a colaboração entre os usuários.

Além disso, o multiplayer poderia se beneficiar de modos cooperativos focados na criação e exploração desses parques, algo que ainda não foi implementado. Imaginar uma sessão onde amigos possam construir juntos ou competir em pistas personalizadas adicionaria uma dimensão social muito rica ao título.

O legado de Tony Hawk e o futuro da franquia
É impossível falar sobre Tony Hawk’s Pro Skater sem refletir sobre o impacto que a série teve no mundo dos videogames e na cultura pop. Esses remakes são uma homenagem a uma era que definiu o skate como um fenômeno global, mas também um desafio para os desenvolvedores: como manter a essência enquanto se adapta às expectativas modernas?

Em minha visão, THPS 3 + 4 acerta em muitos pontos, especialmente na jogabilidade e na fidelidade aos níveis originais. No entanto, sinto que ainda há espaço para explorar melhor a narrativa por trás da cultura do skate, algo que poderia ser aprofundado em futuros títulos ou expansões. Afinal, o skate é mais do que manobras e pontuações; é uma expressão de identidade, resistência e criatividade.

Será que veremos um próximo capítulo que consiga equilibrar nostalgia, inovação e uma representação mais autêntica da cena atual? Só o tempo dirá, mas enquanto isso, este remake oferece uma experiência sólida para fãs antigos e uma porta de entrada para novos jogadores descobrirem o que tornou Tony Hawk’s Pro Skater tão especial.
