EA pode fechar Codemasters: o que isso significa para os jogos de corrida?

A Electronic Arts (EA) está novamente no centro de polêmicas na indústria de games. Depois de cancelar o jogo do Pantera Negra e fechar o estúdio Cliffhanger Games, rumores indicam que a gigante pode estar prestes a encerrar as operações da Codemasters - estúdio adquirido em 2021 por US$ 1,2 bilhão.

Se confirmado, o fechamento afetaria cerca de 400 funcionários e colocaria em risco franquias icônicas como:

  • F1 (série de simuladores de Fórmula 1)

  • Dirt (corridas off-road)

  • Grid (corridas arcade)

O padrão preocupante da EA

Esta não seria a primeira vez que a EA adquire e depois fecha um estúdio especializado em corridas. Em 2013, a empresa comprou a Criterion Games (criadora de Burnout) e posteriormente redistribuiu sua equipe. O histórico recente é preocupante:

  • 2017: Fechamento da Visceral Games

  • 2020: Encerramento da BioWare San Francisco

  • 2023: Demissões em massa na DICE

Fontes sugerem que parte da equipe da Codemasters pode ser realocada para trabalhar em um novo Need for Speed, enquanto os desenvolvedores especializados em simulação seguiriam para o projeto F1 2025. Mas funcionários temem cortes nas equipes de QA e departamentos criativos.

A reação da comunidade e o futuro do gênero

O possível fechamento gerou preocupação entre fãs. Em fóruns como o r/F1Game, usuários questionam se a EA transformará a franquia F1 em "uma máquina de DLCs", como teria feito com Need for Speed.

Analistas apontam que a aquisição da Codemasters em 2021 foi estratégica para a EA dominar o nicho de corridas, dando-lhe:

  • Controle sobre 3 das 5 maiores franquias do gênero

  • Acesso à tecnologia de simulação realista da EGO Engine

  • Direitos exclusivos da Fórmula 1 até 2025

O momento é delicado para jogos de corrida. Enquanto simuladores como Gran Turismo 7 mantêm bases fiéis, títulos arcade enfrentam queda nas vendas. O último Need for Speed foi criticado por veículos como o IGN por ser "genérico".

Impacto nos desenvolvedores e na inovação

O possível fechamento da Codemasters levanta questões sobre como a consolidação de estúdios sob grandes publishers afeta a inovação no gênero. A Codemasters era conhecida por:

  • Experimentação com modos de jogo (como o inovador "Braking Point" em F1 2021)

  • Suporte prolongado a títulos (Dirt Rally 2.0 recebeu atualizações por 3 anos)

  • Parcerias com comunidades de modders em jogos como Grid Autosport

Funcionários anônimos relatam que processos burocráticos da EA já estariam impactando o desenvolvimento. Um exemplo citado é o adiamento de recursos online para F1 23, que precisou passar por múltiplas camadas de aprovação.

O cenário competitivo e alternativas para os fãs

Enquanto a situação se desenrola, competidores estão se posicionando. A Microsoft aproveitou para anunciar expansões no Forza Motorsport, enquanto a Sony reforçou o suporte ao GT7 com novas pistas. No PC, simuladores de nicho ganham espaço:

  • Assetto Corsa Competizione (focado em GT3)

  • Automobilista 2 (com seu sistema de física avançada)

  • rFactor 2 (preferido por equipes reais de F1 para treinos)

Um desenvolvedor independente, que pediu anonimato, comentou: "Estamos vendo um fluxo maior de jogadores migrando para títulos menores mas mais especializados. A possível saída da Codemasters cria um vácuo que estúdios médios podem preencher".

O dilema dos direitos esportivos

Um dos maiores ativos da Codemasters - seus contratos de licenciamento - pode se tornar um problema. A EA herdou:

  • Direitos da Fórmula 1 até 2025 (com opção de renovação)

  • Licenças exclusivas de equipes como Ferrari e Mercedes em jogos específicos

  • Parcerias com o WRC (World Rally Championship)

Especialistas legais apontam que muitos contratos têm cláusulas de rescisão caso o estúdio original deixe de existir. Isso poderia forçar a EA a renegociar termos ou até perder exclusividades para concorrentes como a Kunos (desenvolvedora de Assetto Corsa).

O papel das assinaturas e serviços

A estratégia da EA com a EA Play pode ditar o futuro das franquias da Codemasters. Dados sugerem que:

  • Jogos de corrida têm retenção acima da média em serviços por assinatura

  • Títulos como F1 22 permaneceram no top 10 mais jogados da EA Play Pro por 7 meses

  • 70% da receita pós-lançamento vem de pacletes de conteúdo adicional

Isso pode levar a EA a priorizar games-as-service em detrimento de experiências únicas - uma preocupação frequente entre os fãs mais antigos da Codemasters.