O desafio de manter duas comunidades ativas
A franquia Path of Exile, lançada originalmente em 2013, se estabeleceu como um dos principais ARPGs do mercado, frequentemente comparado a Diablo. Seu sistema complexo de gemas e passivas, combinado com uma abordagem free-to-play justa, conquistou milhões de jogadores. Agora, a Grinding Gear enfrenta o dilema de manter o interesse na versão original enquanto desenvolve a sequência.
Com o Path of Exile 2 em Early Access desde junho, muitos jogadores temiam que o título original fosse deixado de lado. Mas a desenvolvedora neozelandesa promete manter ambos os jogos com conteúdo fresco e atualizações significativas. O plano inclui:
Atualizações trimestrais para o Path of Exile original
Novas ligas temáticas que exploram mecânicas diferentes em cada jogo
Eventos cross-over entre as duas versões
Um sistema compartilhado de microtransações (com adaptações visuais)
Impacto nas mecânicas de jogo e meta
A decisão de manter ambos os jogos ativos traz implicações profundas para a jogabilidade. O Path of Exile 1 continuará com seu sistema atual de 7 classes e árvore de passivos massiva, enquanto o Path of Exile 2 introduzirá:
12 novas classes completamente redesenhadas
Um sistema de gemas ativas/passivas reformulado
Combate mais tático com esquiva ativa e stamina
Física de projéteis e colisão totalmente recalculada
Esta bifurcação de design levanta questões interessantes. Alguns especialistas em ARPGs já especulam que o PoE1 pode se tornar o "jogo de velocidade" para fãs de builds explosivas, enquanto o PoE2 pode atrair jogadores que preferem combate mais metódico.
O modelo econômico e de conteúdo pós-lançamento
A Grinding Gear Games opera com um modelo free-to-play sustentado por microtransações cosméticas. Com dois jogos ativos, a empresa precisará:
Decidir se as compras serão transferíveis entre os jogos
Manter duas lojas de itens cosméticos separadas
Equilibrar a produção de conteúdo premium para ambas as bases
Vazamentos recentes sugerem que armaduras e efeitos comprados no PoE1 receberão versões remasterizadas para o PoE2, mas itens exclusivos do segundo jogo não serão retrocompatíveis. Essa abordagem já gerou debates acalorados na comunidade.

O cronograma de desenvolvimento
O roadmap divulgado internamente mostra um plano ambicioso:
2024 Q3: Liga "Crimson Tempest" para PoE1 + beta fechado para PoE2
2024 Q4: Expansão "Echoes of the Atlas" para PoE1 + beta aberto para PoE2
2025 Q1: Lançamento oficial de PoE2 para PC e consoles
2025 Q2: Primeira liga simultânea para ambos os jogos
Este cronograma sugere que a equipe de desenvolvimento foi significativamente expandida, com rumores indicando que o estúdio cresceu de 120 para mais de 200 funcionários nos últimos 18 meses. A pressão para entregar conteúdo regular em dois jogos simultaneamente é sem precedentes na indústria de ARPGs.
Desafios técnicos e de infraestrutura
Manter dois jogos simultaneamente exige não apenas criatividade no design, mas também soluções técnicas inovadoras. A engine proprietária da Grinding Gear, que já passou por diversas atualizações desde 2013, precisará suportar:
Dois clientes distintos com requisitos de sistema diferentes
Servidores compartilhados para economias de escala
Sincronização de contas entre as versões
Backend unificado para itens cosméticos e conquistas
Relatórios de testers da versão beta indicam que o PoE2 utiliza uma versão significativamente modificada da engine original, com suporte nativo para ray tracing e física de destruição de ambientes. Isso cria uma discrepância técnica curiosa, onde o mesmo estúdio mantém simultaneamente uma engine "legado" e sua evolução moderna.
Reação da comunidade e divisão de playerbase
Fóruns como o Reddit e o oficial da Grinding Gear mostram opiniões divididas:
Veteranos com milhares de horas no PoE1 temem perder progresso
Novos jogadores se sentem intimidados pela complexidade acumulada
Streamers profissionais debatem se devem migrar ou manter conteúdo para ambos
Guildas grandes discutem estratégias para manter membros engajados
Um levantamento não oficial com 15 mil respondentes mostra que 42% pretendem jogar apenas PoE2, 31% manterão os dois jogos ativos, e 27% planejam ficar exclusivamente no PoE1. Essa divisão preocupa desenvolvedores, que precisam evitar a fragmentação excessiva da base de jogadores.

Lições de outros estúdios e gêneros
A estratégia da Grinding Gear não é totalmente inédita. Podemos traçar paralelos com:
World of Warcraft Classic vs. versão retail
Counter-Strike 2 substituindo o Global Offensive
Destiny 2 mantendo conteúdo antigo via Destiny Content Vault
Porém, o caso do Path of Exile é único por tratar-se de uma sequência que conviverá com o original, não uma substituição ou preservação nostálgica. Especialistas apontam que o sucesso dessa abordagem dependerá de:
Clareza na comunicação das diferenças entre os jogos
Incentivos tangíveis para experimentar ambas as versões
Evitar a sensação de conteúdo "repetido" ou diluído
O futuro dos ARPGs e o papel da Grinding Gear
O movimento da empresa neozelandesa ocorre em um momento crucial para o gênero, com:
O lançamento de Diablo IV estabelecendo novos padrões
Jogos como Last Epoch ganhando espaço no mercado
O ressurgimento de franquias clássicas como Titan Quest
Analistas sugerem que a estratégia de dois jogos pode ser uma resposta à dificuldade em agradar todos os fãs de ARPG com um único produto. Enquanto alguns jogadores anseiam por complexidade e profundidade, outros preferem acessibilidade e ritmo acelerado. A bifurcação do Path of Exile pode representar uma tentativa ousada de capturar ambos os públicos.
Resumo:
Path of Exile 2 é um RPG de ação online com progressão de personagem profunda, combate frenético e ambientação sombria. O jogo é uma sequência direta do original, oferecendo uma nova campanha, sistema de habilidades reformulado e modo multiplayer cooperativo.
Onde jogar: PC, Console
Consoles: PlayStation 5, Xbox Series X/S
Plataforma (PC): Steam, Epic Games Store
Sistema (celular): Não disponível
Gêneros: RPG, ação, fantasia sombria, hack and slash